quinta-feira, 4 de março de 2010

Amanhã



Não tenho idéia do que vai sair dos meus dedos, cabeça , coração. Apenas a única possibilidade de consolo é a escrita. O diálogo com o espelho, e no fundo uma forte esperança de ser lida, vista. E assim a solidão do momento cria forças pela possibilidade do encontro com o leitor. Diálogo curioso, esse. Falamos aqui não sabemos pra quem. Quantos anônimos farão parte desse meu momento, e eu nunca saberei.
Por isso amo o Teatro. Sabemos para quem nos dirigimos. Os olhinhos estão ali, na platéia, disponíveis. Falamos, tocamos as emoções imediatamente, e com destino certo.
Atiramos pérolas não sabendo como vai reverberar, mas nos deparamos frente a frente com o alvo.

O tempo vai passando e meus momentos de alegria são cada vez mais intensos. Talvez pelo contraste com tristezas profundas que a vida inevitavelmente nos traz. Talvez por isso os gays tenham esse apelido de "alegres". Que vida sofrida ser diferente... Então cada momento de alegria só pode ser a glória.

Me identifico com eles nesse quesito, embora minha feminilidade me tome sempre por completo. Mas os compreendo e os respeito. Nós, artistas, poetas, também temos as nossas cruzes e contradições. Amo profundamente tudo o que eu faço, mas o preço é altíssimo. Uma exposição que pode enternecer, mas ao mesmo tempo assustar.
Mas o amor me ronda sempre. É ele a minha mola propulsora. Fui criada pela mãe mais amorosa do mundo, e herdei esse amor que distribuo ao mundo em forma de arte.

Quando penso que não amarei mais por ter chagado ao meu limite de sentimento, esse amor distribuído ao mundo volta de forma surpreendente oferecendo sempre novas possibilidades.

Tenho medo de que tudo isso um dia cesse e que as tristezas venham algum dia a superar os átimos de felicidade. Muito duro lidar com a rejeição, mesmo que tenhamos uma aceitação tão grande também. O efeito de um desprezo é muito mais arrebatador do que um 'eu te amo'. Talvez porque o 'eu te amo' seja o previsto, por dar-se amor.É preciso crescer e não se deixar abalar. Estou aprendendo. A duras penas. Preciso dar boa-noite pra mim. Preciso dar boa noite pro mundo. Amanhã será sempre um outro dia.

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