segunda-feira, 8 de março de 2010

Dancing, Singing, Loving in the rain.


Nova postagem, alegria transbordante, nem sei por onde começar. Mas qualquer escritor (ou mesmo escrivinhador), por vezes, nunca sabe. Apenas começa. Tive nesses dias momentos de extrema excitação. Se quisesse aqui escrever como diário, não faria mais nada do meu tempo. Então me transbordo em fragmentos: assim como sequencias pedras de gelo que refrescam o refresco.

Na sexta, me convidaram pra uma festa onde haveria uma surpresa: leitura de textos considerados "bacanudos". Ninguém sabia que seria esse, o jogo. Só eu e um amigo ator, Rodrigo Madeira, que não fazíamos parte da Cia Teatral. Tinham que nos dar motivos para ir, já que não conhecíamos ninguém, a não ser o dono da casa, Luiz Claudio. Já o dirigi com o mesmo Rodrigo na leitura de "A Terrível Vingança de Nadir Ventura". Gostava do poder de conhecer o segredo, gostava. Honestamente não sabia se iria funcionar. Talvez os outros desavisados quisessem apenas curtir uma conversa. Mas pro povo do teatro com T maiúsculo, Teatro é sempre um amor supremo.
Bom, funcionou. E muito. Li , como atriz, coisa que nunca faço. Aplauso em cena aberta. Platéia delirante. Minha presença em cena era inteira. Presença de corpo, alma , espírito.(Já soube a diferença entre alma e espírito. Hoje não me lembro. Mas cabe aqui pra reforçar o estado de inteireza)

Havia um ator que estava meio "out". Aquilo muito me agoniava. Parecia que eu estava fazendo amor com alguém que olhava entretido para a janela. Como esse ator era meu amante traidor na leitura, dei-lhe uns tabefes técnicos bem reais. Mais pela robotiquice do ator, do que pelas falcatruas cometidas pelo seu personagem.
Coitado...Diz ele que não doeu. Tabefes técnicos bem dados!

Me diverti tanto, que no dia seguinte dei as melhores aulas de teatro em 15 anos. As crianças ficaram excitadas , apaixonadas. EU estava apaixonada mais uma vez pelo Teatro, assim como uma esposa que se apaixona diversas vezes pelo marido/amor da vida.

No final do dia: Chuva! resumindo: choveu num dia, toda a chuva de março do ano anterior. Devidamente alarmente! Antes do temporal, havia ido a um salão de beleza fechar um apoio. Maravilhoso! Criamos um evento de poesia que vai funcionar nesse próprio salão. Mulherada! Não é só de beleza física que precisamos. Necessitamos da beleza das palavras, emoções, humanidades, POESIA!

" Viver não esperar o temporal passar, e sim aprender a dançar na chuva."

Tinha compromisso com meus pais. E o Big Boss é um tirano inglês no que se refere à pontualidade. Bom, daí voltei pra casa (um só kilometro percorrido)e cheguei como se tivesse mergulhado numa piscina. No meio do caminho,havia uma pedra: o medo dos raios. Quando me esquecia desse pavor, me divertia cantando e dançando "singing in the rain".

Cheguei em casa. O cinema dos meus pais tinha ido também pelo ralo junto com o aguaceiro. Aproveitei, banhei-me o banho dos normais, e coloquei um vestidinho propício: curto nas pernas, sandálias havaianas e largo guarda-chuva. Me aventurei, indo ao cinema pra trocar os ingressos para outro dia. Tudo certo, o pessoal da bilheteria é compreensivo. Mas a volta foi muitíssimo mais divertida. Eis que tinha novamente o poder: Guarda-chuva e medo algum do temporal. Havia conversado com um amigo que trabalha no Fontes, outro Rodrigo também ator, na galeria do Cine Estação. Ele me disse que raio só cai em concentração de água ou descampado.

Daí foi a festa. A saída do cinema apinhada de gente, e eu com o meu gurada-chuva que mais parecia um passaporte VIP dando livre acesso às nobres ruas de Ipanema.

Sorria para os porteiros que apreciavam a minha tranquilidade pluvial. Eu sorria de volta, achando graça das senhorinhas olhando pasmas para o chuvaréu. Ficavam ali, cheias de bobs, tocas, máscaras verdes, na porta dos seus salões de beleza onde passaram a tarde inteira fazendo suas escovas, chapinhas, pagando absurdos, e que na primeira saída ...ahahah...se derreteriam todas com as lágrimas de São Pedro.

(Continuo depois. Tá tocando uma música que adoro! Preciso "dançar na chuva" agora aqui dentro de casa.)

Ainda bem que parei de escrever a tempo de não sofrer falando sobre as mortes provocadas por esse intenso temporal. Parei antes de perceber minha total impotência diante das desgraças alheias. Ainda bem que parei antes de me achar uma lunática diante das disfunções climáticas que estão ocorrendo no mundo. Ainda bem que parei, antes de me ver como uma alienada, encantada com suas frívolas hollywoodices.

2 comentários:

Anônimo disse...

encantador e sofisticado!

Anônimo disse...

Amei o titulo amei tudo !